Para Quando
Autor: Kaio Carmona
Número de Páginas: 83
O poeta inicia o livro apresentando uma coleção de citações lírico-amorosas, sugerindo leituras, gostos, heranças, referências. Brinca com as citações, desconstruindo-as e reconstruindo-as com sua assinatura. O "eu-lírico" termina por assinalar que o amor foge às tentativas de definição, de catalogação. Kaio não diz tudo, trabalha bem com pausas, as incompletudes próprias de seu objeto, convidando o leitor, como num diálogo, a participar da formação de sentidos. Compondo poesia clara, de franca tonalidade comunicativa, os versos de "Para quando" trazem seu grão de sigilo. Percebemos, no texto, o interesse do poeta pelo rastro, pelo vestígio, pelos sentidos evanescentes, por aquilo que não se retém, nem se vende, como a chegada da primavera, o roçar dos corpos, a réstia de luz a visitar a planta no vaso. Assim como a saudade, a espera, o receio do fim e a fruição do agora, o amor carnal, feroz, tem forte presença no espaço literário. Ao final do percurso do livro, o sujeito lírico apresenta-nos o lugar onde um riacho grita o nome amor de modo dissonante, entre pedras, como vate rompendo barreiras para veicular sua voz.